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02.09.2024

Pós-Laboratórios de Verão 2024

Exposição
Pós-Laboratórios de Verão 2024 - Braga
"crónicas visuais de onde não estive", de Sally Santiago © gnration

Com o objetivo de apoiar os artistas locais, o gnration, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) e a Solar - Galeria de Arte Cinemática juntaram-se para promover a décima edição do programa "Laboratórios de Verão".

Com o objetivo de potenciar a criação artística local, o gnration, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), em Guimarães, e a Solar – Galeria de Arte Cinemática, em Vila do Conde, juntaram-se para promover a décima edição do programa de apoio à criação artística Laboratórios de Verão. Criada em 2015 pelo gnration, esta iniciativa destina-se a artistas ou coletivos que se proponham a desenvolver novas obras nos domínios da imagem, som, performance, interatividade, música, dança ou na interceção destas áreas. Este ano, os Laboratórios de Verão contam ainda com o acompanhamento do curador, investigador e escritor David Revés. Depois de uma residência no gnration e no CIAJG, os artistas selecionados dão a conhecer, em formato de instalação ou performance, as suas novas obras na já habitual mostra do Pós-Laboratórios de Verão.


A instalação audiovisual Crónicas visuais de onde não estive, de Sally Santiago, o projeto de transformação musical que junta criação sonora a software interativo e multimédia +/-, desenvolvido por João Carlos Pinto, João Miguel Braga Simões e José Diogo Martins, a instalação vídeo Consonâncias Efémeras, de Sofia Morim e Filipe Carvalho, e a instalação audiovisual Ouroboros de Francisca Miranda e Inês Leal, são os quatros projetos selecionados nos Laboratórios de Verão 2024.


Consonâncias efémeras

por sofia morim + filipe carvalho


O projeto Consonâncias Efémeras resulta de uma primeira colaboração entre Sofia Morim e Filipe Carvalho, refletindo o cruzamento das suas práticas e interesses individuais através de duas instalações que integram vídeo-projeção, objetos, escultura e som. Querendo neste trabalho explorar as amplas ligações simbólicas e materiais entre o humano e a água, os artistas partiram da consideração dessa substância enquanto elemento sensível, tomando por inspiração as observações de Masaru Emoto em Hidden Messages in Water, interessadas em demonstrar a forma como a água será capaz de reagir, molecular e visualmente, à consciência e ações humanas no confronto com energias, emoções, gestos e palavras determinadas. Consonâncias Efémeras procura, assim, meditar sobre a natureza dessa relação, propondo-nos habitar ambientes quase hipnóticos, onde um apurado exercício de equilíbrios, suspensões, amplificações, reflexos, projeções e refrações lumínicas acionam e expandem distintos ritmos, oscilações, sonoridades, formas, texturas e padrões visuais da água que no espaço flui. Em cada uma das salas onde este projeto se apresenta, a presença de cada visitante assume, por isso, especial importância e singularidade, entrando em comunicação vibracional com as várias superfícies e fluxos líquidos circundantes, deste modo contribuindo para a sua potencial, embora mais ou menos percetível, modificação e movimento.


Crónicas visuais de onde não estive

por sally santiago


A instalação audiovisual Crónicas visuais de onde não estive propõe pensar sobre determinadas facetas do espaço ficcional e narrativo através da construção de realidades particulares. Neste trabalho, Sally Santiago parte de relatos de infância de pessoas de gerações mais antigas, transmitidos através de sobreposições ou pequenos lapsos de lembrança, próprios do ato da recordação. Reportando-se a acontecimentos ocorridos entre 1945 e 1950 numa ilha do Atlântico, os três episódios servem agora de base para a construção das três crónicas aqui apresentadas, enquanto cenários onde se estabelece uma longa travessia de signos, vaivéns de ideias e imagens, entre um passado que se dilata, recriando-se, e um presente que se permeia e ficciona. A artista promove a abertura da multiplicidade e multiplicação do território do possível, onde a apropriação de lembranças serve o impulsionamento de perceções sensíveis de novas ações e paisagens, tanto concretas como emocionais, corporizando uma alternativa experimental à velocidade contemporânea e a uma certa incapacidade atual de olhar e sentir. Interpolando temas da vida diária, onde planos subjetivos são tingidos de humor e ironia, entre jogos de figuras e personagens que interagem sob uma lentidão e melancolia particulares, esta instalação procura trabalhar no intervalo entre o visível e o invisível, o tangível e o intangível, levando o espectador ao exercício de rememoração, projeção e reconstrução da sua própria memória.


Ouroboros

por francisca miranda + inês leal


Ecoando o significado primitivo — “aquele que morde a cauda” — e a circularidade sugerida pela palavra que lhe serve de título, Ouroboros, projecto de Francisca Miranda e Inês Leal, apresenta uma instalação audiovisual composta por dois vídeos e uma peça sonora. Neste trabalho, a investigação das artistas baseou-se no conceito de soundbite, transitando entre dispositivos de cativação e controlo do pensamento individual e colectivo gerados por certos discursos políticos e agentes mediáticos contemporâneos, para a partir deles procurarem outras associações, imagens, linguagens e sons. Deste modo, este projeto tanto promove a relação entre o soundbite — petit phrase ou mordida sonora — e a muito mais antiga expressão banha da cobra, pela similar argumentação baculina e paralógica de produção de convencimento e reprodutibilidade que ambos partilham, como faz uso de imagens provenientes do mundo natural ou de determinados espaços e gestos ritualísticos. Reclamando uma estética evocativa do ecrã e emissão televisiva, e assim reminiscente do espaço familiar e doméstico, Ouroboros cria uma paisagem que procura mobilizar todo o corpo e atenção do espectador e que, não sendo diegética, se caracteriza por uma capacidade de atração, encantamento e hipnose, mas também pela opacidade, indiscernibilidade e confusão, existindo entre a ilusão do espetáculo circense e a camuflagem do animal predador.


+/-

por joão carlos pinto + joão miguel braga simões + josé diogo martins

blackbox · 8 set · 17:00


+/- é uma performance audiovisual que, partindo do som acústico de instrumentos de percussão e do piano, assim como recorrendo a tecnologia de manipulação musical digital, procura explorar distintos arquétipos colectivos sob a forma de desenhos e gráficos sonoros. Descrevendo um caminho que une música escrita e improvisada, este projecto oscila entre o concerto tradicional e os conceitos de arte sonora e instalação, assim diluindo fronteiras entre estes territórios artísticos e as suas formas de apresentação mais convencionais, através da decomposição do dispositivo do espectáculo musical e da exposição do seu movimento de criação em tempo real. Ao entrar no espaço da blackbox, e durante toda a duração da performance, o espectador é deste modo confrontado com uma multiplicidade de dinâmicas materiais e sensíveis, bem como simbólicas e emocionais. Por um lado, vendo-se no interior de um recinto definido por seis módulos multimédia, é envolvido por um aparato de luz e fumo que desestabiliza noções de centro e extremidade, dentro e fora, continuidade e interrupção, numa situação que se polariza entre o uterino e o psicadélico. Por outro, ao experienciar a música, é atravessado por diferentes trajectórias de sons, timbres, escalas e narrativas sonoras que activam o espaço da imaginação e trazem à superfície um fundo inconsciente. Entre a ocultação e o desvelamento, a visão e a cegueira, o toque directo e o distanciamento, +/- é uma criação ambivalente em torno de imagens que, não estando no espaço, mas no tempo, são tanto de natureza individual quanto colectiva, operando na memória e reações de cada indivíduo.



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PÓS-LABORATÓRIOS DE VERÃO 2024
Curadoria: David Revés

gnration

EXPOSIÇÃO [galeria zero + galeria um]

SEX · 6 SET · 11:00 – 22:00

SÁB · 7 SET · 10:00 – 01:00

DOM · 8 SET · 10:00 – 17:30


PERFORMANCE [blackbox]
DOM · 8 SET · 17:00

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