Na primavera de 1974, quase quatro mil portugueses, e entre eles centenas de homens de Vila do Conde partiram, como todos os anos, para uma nova campanha de pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova e da Gronelândia. Mas outros ventos sopravam, de Portugal, e na sequência das notícias sobre a revolução, depois do 25 de Abril os navios da designada frota branca pararam no porto de São João da Terra Nova, paralisados por uma greve.

Após décadas a trabalhar em condições ditadas pelo regime, mediante um grémio corporativo, os pescadores reivindicavam, longe de casa, o direito a melhores salários e condições dignas de vida a bordo. A mítica pesca à linha com botes de um homem só, da qual restavam, nesse ano, apenas três navios, terminou por esses dias, com o afundamento, propositado, do Ilhavense e do São Jorge, e o regresso a casa da tripulação deste último no Novos Mares, navio que também não pescou. Desse ano sobraram alguns arrastões e navios de pesca com redes, e um mar de incertezas, com as mudanças profundas no país a somarem-se a alterações em curso no direito internacional dos oceanos, que levariam ainda nessa década à criação das zonas económicas exclusivas e ao condicionamento do acesso aos pesqueiros frequentados pela frota portuguesa.

SÁB · 25 MAIO · 16:00

A Greve na Pesca do Bacalhau

Abel Coentrão + Celestino São Roque, António de Sousa Oliveira, Carlos Marques Fernandes

Solar - Galeria de Arte Cinemática

[Loja das Curtas]